Entrevistas

Manuel Caeiro da Silva Brito

Manuel Caeiro da Silva Brito, 83 anos, iniciou a atividade como olivicultor há 63 anos.

Na sua perspectiva, as coisas mudaram muito: “Atualmente, a olivicultura é muito diferente do que era no meu tempo. A azeitona era apanhada à mão, uma a uma, e hoje em dia é apanhada aos «moitões» com o vibrador.”

Considera que a melhor forma de avaliar o azeite é “provando, não há outro meio senão prová-lo”, refere. Considera também que “os meios técnicos não estão nas mãos do consumidor normal, o que pode gerar uma grande confusão.” No seu tempo, “havia só um azeite”. Recorda que “um azeite com 1 grau de acidez era um azeite excepcional e hoje em dia um azeite com 1 grau não presta! Veja bem a evolução!”, conclui.

Apesar do referido, gosta de provar o azeite “no copinho e com um bocadinho de maçã”, ou seja, com todos os preceitos técnicos.

No que se refere ao que diferencia a Cooperativa de Moura e Barrancos, enquanto produtor de azeite afirma que “a olivicultura e os olivicultores são diferentes, não se parecem em nada com os outros. Afirma também que “as variedades tradicionais e, consequentemente, a DOP Azeite de Moura são o mais importante quando se trata de distinguir o azeite da Cooperativa.”

Sobre a sua marca na história da Cooperativa, conta: “Fui Diretor da Cooperativa em 1991, quando ninguém quis assumir essa responsabilidade. Pedi à Assembleia Geral autorização para formar uma lista e com o Joaquim Matado e o João Costa assumimos a Direção. Ficámos sem Gerente e herdámos uma dívida de 400.000 «contos». Fui a um banco a Serpa pedir dinheiro porque em Moura já não tínhamos crédito, mas pediram as assinaturas das nossas esposas. Era muito simpático o senhor, mas era só o que faltava! Fomos, entretanto, recebidos pelo Ministério da Economia, que concedeu à Cooperativa um apoio financeiro significativo.

Contratámos um novo Gerente e andámos de terra em terra a falar com os agricultores e com os sócios que haviam abandonado a Cooperativa, para lhes dizer que acreditassem em nós, que íamos pagar bem as azeitonas e que voltassem para cá.

Fizemos uma boa equipa e conseguimos salvar a Cooperativa!”