Entrevistas
Cristina Navas Garcia Salgueiro
Cristina Navas Garcia Salgueiro, 46 anos, é olivicultora há cerca de 10. No entanto, a família dedica-se à produção de azeitona desde que se lembra, dedicação que tem passado de geração em geração.
Apesar desta constatação, Cristina refere que nem ela nem os seus irmãos têm qualquer tipo de formação na área agrícola: “O meu pai, talvez por ser agricultor e agrónomo de profissão, nunca procurou incutir-nos qualquer tipo de gosto pela olivicultura, nem impor que por esta passasse o nosso futuro”.
Tendo cada um dos irmãos seguido diferentes interesses, em 2010 conjugaram-se as circunstâncias no sentido de levá-los a apresentar ao pai uma proposta de prosseguirem a ancestral dedicação da família ao olival.
Independentemente de ser a restauração a sua profissão e primeira paixão, foi sempre a Cristina que andou com o pai até ir para a universidade. “Gosto muito do campo, da liberdade que nos dá e de ver as nossas culturas crescerem”, refere.
“As terras que recebemos por herança passamos um dia aos nossos filhos. É um bem que não é nosso.”
No seu entender, o que diferencia o Azeite da Cooperativa dos outros é“o valor emocional, sentimental e social. Além de ser de vários cooperadores, é um azeite que promove a nossa região e a nossa economia local. O nosso azeite é o que nos caracteriza. É um produto de excelência, é histórico e Moura é sinónimo de azeite.”
“O nosso azeite, da nossa cooperativa, dos nossos olivicultores, das pessoas que cuidam a terra com carinho e mimo é o que melhor nos representa!”
No seu entender, a melhor forma de provar o azeite é nas torradas. “Para cozinhar utilizo o Virgem, para saladas o Seleção e nas torradas o Azeite Virgem Extra DOP”, afirma.
Questionada sobre o futuro, diz ter a expectativa que daqui a 15 anos a empresa se encontre numa situação estável, nunca deixando de investir e modernizar, assumindo-se como grande produtora de azeite sempre com a cooperativa ao seu lado. “A cooperativa somos nós, os sócios!”
Acredita que já começa a existir um despertar para a importância na utilização do azeite na confeção dos alimentos, sendo reflexo disso o facto de que as escolas estão cada vez mais sensíveis para a utilização do azeite, dado que seguem a vertente de alta cozinha.
Indica que, na sua opinião, é na restauração que se faz a publicidade do azeite, que é este o caminho para o cliente ir comprar à prateleira.
“Já há 15 anos os clientes dos meus restaurantes apreciavam a diferença de fritar as batatas em azeite virgem”, afirma.
Neste sentido sublinha que os nossos emigrantes já vão na 2º e 3º geração, assim como as famílias que foram do Alentejo para as grandes cidades. “A ligação emocional a este produto, que sempre foi forte, começa a perder-se, e a melhor maneira de a manter e fortalecer é ter o nosso azeite em locais que levem as pessoas a falar dele”, conclui.
“O boca a boca é o melhor vendedor!”
Constata ainda que a concorrência e o investimento em marketing são cada vez maiores neste sector, e que se nada for feito ficaremos para trás. Quem não conhece o produto, tem de o experimentar, e há toda uma nova geração que está a começar a cozinhar em casa.
“Sempre que vou a um restaurante, peço Azeite da Cooperativa e se me dizem que não têm, dá-me um aperto no coração. É nessas alturas que me sinto muito tentada a andar sempre com uma garrafa de Seleção na mala!”